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Eu culpo meu ascendente em gêmeos com frequência por não conseguir manter coisas úteis em segredo

Pleurants

Eu gostaria de começar dizendo que pensei muito nos vários temas com os quais eu poderia abrir a primeira edição da newsletter. Alguns desses temas foram sugeridos, inclusive, por vocês, e acredito que eu vá abordá-los em algum momento nos próximos meses. No entanto (e me parte o coração dar início falando sobre isso), eu vou usar do meu livre-arbítrio para compartilhar algo um pouco mais íntimo:

Eu perdi um amigo na semana passada.

A morte e o luto são temas que estão sempre atravessando o meu texto nas raras ocasiões em que escrevo, tanto quanto me atravessam na vida. As ditas fases do luto são popularmente conhecidas. Todos nós já caímos em uma ou em todas essas valas em algum momento. E dentro disso, uma das coisas que mais lamento (para além da própria perda) é aquilo que ficou por ser dito no meio do caminho. As conversas que não vão mais acontecer. Aprender a lidar com a certeza de que você ainda tinha muito a aprender com aquele ser humano que te iluminou durante anos da sua vida, cuja existência agora está marcada pela ausência.

Às vezes eu acho que é por isso que escrevemos. A escrita é uma forma “segura” de registramos ao máximo tudo aquilo que pensamos, acreditamos ou queremos compartilhar. E marco “segura” entre aspas porque até esses pequenos registros podem sumir, com o tempo. Você já parou para pensar em quanto conhecimento nós perdemos sem ter ciência disso?

Eu culpo meu ascendente em gêmeos com frequência por não conseguir manter coisas úteis em segredo. Às vezes eu culpo a ansiedade. Mas talvez, no fundo, eu culpe o medo de algum dia desaparecer sem ter compartilhado ao máximo o pouco que sei, o pouco que imaginei e o pouco que aprendi. Isso vai totalmente na contramão das práticas de mercado: é muito mais comum dar de cara com uma porta fechada do que um convite ao aprender colaborativo.

Apesar disso, acredito que seja de conhecimento geral que tentar crescer sozinho é mais difícil.

Caindo na Armadilha de Angelou

Então, hoje vou abrir espaço no que eu carinhosamente chamei de Armadilha de Angelou. Eu estive lendo Vozes Negras: a arte e o ofício da escrita algumas semanas atrás (um livro de entrevistas com várias escritoras negras, publicado nos EUA em 1985, altamente recomendado) e logo no primeiro capítulo, Maya Angelou fala sobre como ela foi convencida a escrever uma autobiografia ao ser “desconvidada” a fazê-lo. Ora, vejam bem, não há nada que ative mais a minha energia do que me dizer que não sou capaz de fazer alguma coisa. Não apenas posso, como o farei. E foi exatamente nessa armadilha que Angelou, e tantos outros como nós, caíram. Ser desafiada ou ter minha capacidade posta em cheque é o primeiro passo para me por no caminho de fazer algo que normalmente não faria.

Fotografia com filtro azul de uma página aberta de livro, destacando uma foto de Maya Angelou e sua breve biografia.

lendo tarde da noite

O (meu) problema é que quando monto essa armadilha para mim mesma. Foi assim que caí no universo das automações.

Eu não sei vocês, mas eu amo seguir perfis de gurus de marketing, não tanto pelo quê eles falam, mas pelo modo como eles fazem certas coisas, e é aqui onde encontro a maior parte do ouro.

No último ano eu tenho percebido um certo padrão ganhando velocidade e potência: o uso de ativadores de gatilho. Você alguma vez já se pegou fisgado em alguma postagem na qual precisava comentar uma palavra-chave para receber algo no seu inbox? Eu já, várias vezes. E com isso, surgiram alguns pensamentos como “isso é feito de forma manual?”; “impossível alguém dedicar horas de vida enviando um inbox pessoa por pessoa numa postagem com 500 comentários”; “isso é automatizado de alguma forma”. Ninguém ensina isso na faculdade. Vou aprender a fazer.

E já que poucas pessoas falam disso abertamente, eu vou dizer exatamente qual ferramenta é responsável por essas automações. O nome dela é Manychat.

O mundo das automações é um universo à parte

O Manychat nada mais é do que uma plataforma conectada à sua conta de Facebook, Instagram, Whatsapp, ETC. que te permite construir fluxos de automação. Antes de entrar em maiores detalhes, preciso dizer que:

  1. ela não vai gerir o seu perfil por você;

  2. ela não vai criar nada sozinha;

Ela funciona de forma bem semelhante a plataformas de e-mail marketing, com a diferença de que o maior valor dela está em ser usada nas redes sociais (especialmente se você estiver prestes a fazer algum lançamento). Em suma, são textos pré-definidos que você mesmo irá escrever e programar o momento em que eles serão disparados. Geralmente isso acontece a partir de um “gatilho”, uma ação do usuário que quando ativada, dará início a um fluxo de mensagens.

Como eu não consegui encontrar nenhum exemplo disso sendo usado no mercado editorial, vou usar o que coloquei para rodar na firma:

O que eu fiz aqui foi simples: defini uma estratégia de distribuição de conteúdo gratuito (old, but still work) a partir de um gatilho (comentar uma palavra-chave específica). Quando comentada, a automação responde o usuário no comentário, convidando-o para ver o inbox, onde o link de download do material estará disponível. Feito o download, a automação vai disparar outra sequência curta de mensagens para apresentar o livro ao qual esse material faz parte. (Inclusive, façam o caminho sugerido pela automação e vejam como funciona na prática)

Em outras palavras, esse fluxo de automação 1) incentiva os leitores a comentarem na sua postagem, portanto 2) aumenta o seu engajamento, logo 3) o algoritmo entende aquele post como um conteúdo de maior valor e distribui ele para mais pessoas, melhorando o seu alcance, o que consequentemente 4) faz com que mais pessoas comentem na sua postagem. É um ciclo vicioso, incentivado por um conteúdo de valor que de quebra, ainda abre um chat com aquele leitor no inbox que, dependendo do objetivo da postagem e do fluxo, pode culminar num maroto link de venda do seu lançamento. Ali, na DM, muito mais clicável do que direcionar para o link na bio.

Entende o que quero dizer?

Mas atenção: não estou dizendo que você deve usar isso em todas suas postagens daqui pra frente. Pelo contrário, até porque, ela é gratuita só até certo ponto. No entanto, seja você um editor, autor independente ou produtor de conteúdo, vale muito ver se esse tipo de fluxo não se encaixa nos seus conteúdos mais estratégicos e como ela pode otimizar a sua vida.

Não vou entrar nos pormenores e nos vários casos de uso em que essa ferramenta pode ser útil, pois esse texto ficaria extenso demais. Minha dica agora seria dar uma estudada sobre como ela funciona, se familiarizar com ela e, de repente, até soltar um teste. O Manychat não é uma ferramenta nova, mas vejo muito potencial de uso para ela no mercado editorial - principalmente porque pouquíssimas empresas no meio estão usando (não vi nenhum caso, mas também não vou dizer que não exista).

#DicaDaVal: para aqueles que sentem dificuldade de criar conteúdo em vídeo, recentemente me deparei com o perfil do Dione Estevão, que dá vários macetes sobre como editar vídeos usando o CapCut. Vale a pena acompanhar!

Espero que tenham curtido essa edição de “Prazer, Val”. Para ser honesta, esse projeto só está saindo do papel porque meu horóscopo mandou. Tenho certa tendência a não priorizar minhas próprias ideias. “Oportunidades como esta só voltarão em 2026 se não forem aproveitadas agora”, disse ele. Eu levo os astros muito a sério.

Thank U, Next!

Valzinha :)

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